Pesquisadores sugerem que várias espécies do sudeste brasileiro podem estar sendo classificadas erroneamente sob o mesmo nome.
Por: Ivan Nery Cardoso e Stella Ditt
Scinax é um gênero de rãs que habitam florestas tropicais úmidas, como a Mata Atlântica no Brasil, e inclui espécies bastante conhecidas, como a pererequinha de banheiro. É um dos grupos mais diversos de rãs brasileiras, em que cientistas costumam separar as espécies por diferenças morfológicas e de acordo com o som que emitem. Este gênero Scinax é dividido em três grandes grupos: rizibilis, catharinae e ruber, cuja classificação ainda é um desafio para os herpetólogos.
Um estudo liderado pelos pesquisadores José Perez Pombal-Júnior e Célio Haddad revisou a classificação de diversas espécies de rãs deste gênero, analisando as diferenças que tornam o canto de cada espécie único, e chegaram à conclusão de que várias espécies podem estar sendo confundidas sob esse mesmo nome. Para resolver essa questão, os pesquisadores gravaram o canto de diferentes espécies e analisaram características como a frequência, duração e estrutura acústica destes sons, levando em conta também dados morfológicos como tamanho, coloração e estrutura do saco vocal (órgão responsável pela ampliação do som) dos indivíduos que foram coletados.
A análise dos dados morfológicos do grupo rizibilis levou à conclusão de que as espécies deste grupo deveriam ser incluídas no grupo catharinae por não apresentarem diferenças significativas que os separassem. Porém, a conclusão mais relevante foi obtida pela análise dos padrões básicos de vocalizações dos grupos catharinae e ruber, que sugerem que o gênero Scinax pode ser quebrado em dois ou mais gêneros distintos.
Estudos como este são essenciais não somente para uma classificação correta sobre as espécies, mas também para melhor entendimento do que define uma espécie.
Fonte: Pombal-Junior et al. (1995). VOCALIZAÇÕES DE ALGUMAS ESPÉCIES DO GÊNERO Scinax (ANURA, HYLIDAE) DO SUDESTE DO BRASIL E COMENTÁRIOS TAXONÔMICOS. Naturalia, São Paulo. 20: 213-225
O tema é interessante e aguça a curiosidade do leitor. Claro, a pesquisa é de 1995 e não devemos considerar que seria publicada nos dias de hoje, mas valeu como exercício. Faltou citação dos pesquisadores para dar mais dinamismo e credibilidade. Poderiam também dar mais detalhes sobre os 3 diferentes grupos e talvez trazer o debate de como os animais eram antes classificados e como hoje, com novas técnicas, isso vai mudando e reorganizando os taxa. Mas ficou bacana, são ajustes que faltam.
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